apostila 2 ano

APOSTILA DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 2 ANOS




Que tipo de política temos? Que tipo de política queremos? Que política podemos construir?



SEMINÁRIO - O PENSAMENTO POLITICO MEDIEVAL: ESTADO E IGREJA

Maquiavel _O príncipe

Tomas Hobbes – o Leviatã



Filosofia Política

Os regimes democráticos são exceção no espaço e no tempo. Este fato fortalece o argumento de Montesquieu, expresso no Espírito das Leis, de que a natureza humana é individualista e egoísta. E, portanto, democracia e república seriam regimes inatingíveis em termos práticos, porque exigem que os interesses públicos estejam acima dos interesses privados. Logo, democracia e república só podem ser pensadas e efetivadas a partir de uma educação intensiva e extensiva capaz de superar o individualismo egoísta em prol da cidadania ativa.

Temos que reconhecer, porém, que a modernidade trouxe conquistas fundamentais como a valorização da subjetividade e da liberdade individual. Contudo, ainda não conseguimos equacionar a liberdade individual com a necessidade do exercício da cidadania e da constituição de uma esfera pública que viabilize a coexistência entre ética e política.

Se, por um lado, o modelo da representação política foi a única forma encontrada para viabilizar o retorno da democracia nas sociedades modernas, que já não podiam ou não queriam sustentar os altos níveis de envolvimento e participação na esfera pública, tal qual os antigos atenienses, quer pela carência de formação, quer pelos novos interesses em jogo, quer pela ascensão da importância da economia (reino da necessidade) que passa a subordinar a vida política (reino da liberdade).

Por outro lado, é preciso admitir que estamos em meio a uma crise da representação política, que coloca em questão o atual modelo das chamadas repúblicas democráticas liberais. Vivemos uma era onde os direitos humanos e políticos conquistados a partir do século XVIII, não garantem os direitos sociais mais elementares

para a grande maioria das pessoas. No plano das relações internacionais, os recentes acontecimentos, como guerras de invasão, ações terroristas estatais ou não, desrespeito aos direitos humanos, nos demandam uma série de questões sobre o sentido do poder, da soberania, da democracia, da liberdade e da tolerância. Entendemos, que o estudo das questões fundamentais da filosofia política, das principais correntes e dos seus autores, clássicos e

contemporâneos, devem constituir-se como espaço fundamental a ser ocupado, e que pode contribuir com o debate sobre os possíveis sentidos da vida política, buscando assim a criação de uma linguagem capaz de alimentar o imaginário do político e as ações cidadãs dos estudantes do Ensino Médio.

A Política em Maquiavel que apresenta a política como ela é, construída pelos homens e indispensável para a constituição do Estado. O pensamento maquiaveliano propõe uma “nova ética”, vinculada à ação política e não ao ideal moral. Discutindo a questão do poder e a importância fundamental da virtude política e da ação, Maquiavel traz uma contribuição importante para o pensamento político moderno.





EM BUSCA DA ESSÊNCIA DO POLÍTICO<

A política pode superar a sua imagem negativa de poder de opressão e corrupção e ser concebida como uma possibilidade de construção de um mundo melhor? O ideal político de bem comum já se realizou algum dia, na materialidade das relações sociais, para além do mundo das idéias e do formalismo das leis?



O Preconceito contra a Política e a Política de Fato

É comum que numa conversa sobre política se chegue, rapidamente, à conclusão de que ela nada tem a ver com a ética, em outras palavras, que o poder político e suas realizações não se conduzem por princípios e valores voltados aos interesses coletivos, mas sim, por interesses utilitários de ordem individual ou corporativa, do tipo: “Mas ... o que eu ganho votando em fulano?”, ou “Votem em mim e eu lhes darei privilégios ...”.

Essa é a percepção que o senso comum da sociedade tem da política, e seria profundamente ingênuo afirmar que a política não passa por esses descaminhos. No entanto, não é menos ingênuo e preocupante o fato de aceitarmos tão rapidamente essa perspectiva exclusivamente negativa da política como algo óbvio, natural e inelutável.

Em geral, as conversas sobre política enveredam por caminhos que podem parecer interessantes, mas que no fundo são pouco produtivos e frustrantes. Isso se dá porque, estimulados pelos acontecimentos e pelas notícias da imprensa, fazemos questionamentos e afirmações sobre a honestidade ou desonestidade dos políticos; sobre seus salários; negociações supostamente ilícitas; sobre os partidos; tendências; alianças questionáveis; sobre quem será candidato; sobre um projeto que está tramitando e suas possíveis conseqüências. Quase sempre estamos reproduzindo, diga-se de passagem, com poucos ou insuficientes dados e questionamentos, informações veiculadas pelos jornais, pelas rádios ou telejornais, e mesmo aquelas que circulam pela internet.

Em O que é Política?, a pensadora Hannah Arendt escreve sobre a necessidade de avaliar os preconceitos que todos nós temos contra a política, decorrentes, em grande medida, do fato de estarmos alienados da vida política e de não sermos políticos profissionais.

No instigante ensaio A invenção da política, o filósofo contemporâneo Francis Wolff argumenta que, para compreender a essência universal da política e sua ligação com o ser humano em geral, é preciso romper com certas imagens particulares da política. Quais seriam essas imagens? Ora, são as questões cotidianas que estão na base do nosso entendimento mais imediato da política, citadas já no início deste texto. Mas, por que romper com elas? Por que evitar essas questões particulares ou específicas? Elas não são relevantes?

É claro que elas são muito importantes e devem ser profundamente discutidas e elucidadas, porém, num segundo momento. Se enfrentarmos essas questões, antes de tentarmos responder aquelas que as antecedem, elas não serão bem respondidas, além do que, poderão nos distanciar das questões fundamentais – a saber: O que é a política?

Qual é a sua essência? Por que ela existe em todas as culturas e civilizações, ainda que de maneiras diferentes? Ética e política já estiveram juntas algum dia? Na busca da resposta, Wolff nos desafia: – é preciso um primeiro esforço no sentido de “imaginar o que aconteceria sem a política.” Ainda segundo Wolff (2003), a vida humana pode acontecer a partir das três possibilidades que se seguem:

a) Em comunidade, organizada pela existência de uma instância externa à sociedade (o Estado, por exemplo), cuja função seria a efetivação e a manutenção da unidade da sociedade. A política, neste caso, seria coercitiva e o poder estaria localizado fora da sociedade, mas agindo sobre ela.

b) Isolada, como a maioria dos animais, talvez em pequenos grupos ou famílias. Essa condição seria praticamente impossível.

c) Em comunidade, mas sem a necessidade da política. A vida transcorreria em harmonia, sem diferenças, sem conflitos, nem confrontos, sem a necessidade de leis ou limites.

Resta saber então: Que tipo de política temos? Que tipo de política queremos? Que política podemos construir?



O Ideal Político

O ideal político se caracteriza pela existência de uma comunidade e pela construção e manutenção de uma unidade desta comunidade, sem que para isso ela precise submeter-se a um poder externo (do tipo: “eles” são o poder; eles fazem as leis que nós devemos obedecer).

Não se trata, contudo, de uma defesa da anarquia. É importante registrar que não é possível a vida em comum sem que haja regras e sanções muito claras. Logo, uma comunidade política ideal deve estabelecer suas finalidades, suas regras, suas prioridades, enfim, deve autogovernar-se (nós somos o poder; nós fazemos as leis que normatizam a vida na comunidade e isso constitui a nossa liberdade). No entanto, a história testemunha o quão difícil é a consecução desse ideal do político. Wolff (2003) defende a tese de que apenas duas sociedades conseguiram realizar o ideal político, que é a unidade da comunidade política, sem coerção externa. Quais foram essas sociedades? Essas sociedades foram, os atenienses da Antigüidade e os índios do Brasil, de antes da descoberta. Certamente você já ouviu falar da genialidade dos gregos e da sua famosa invenção: a democracia na Atenas da Antigüidade. Mas alguma vez já ouviu falar que os índios brasileiros, particularmente os tupis-

guaranis, também foram, de maneira diferente, bem sucedidos na aventura de construir uma comunidade política que garantisse uma vida boa aos seus integrantes?



Os Gregos e a Invenção da Esfera Pública

Dizer que os gregos inventaram a política é um exagero. Afinal, como viviam as outras sociedades e civilizações do seu tempo e também aquelas que os antecederam? É claro que elas também se organizavam politicamente, portanto, a diferença entre os gregos, particularmente os atenienses, e outros povos se deu pela forma da constituição e do exercício do poder.

A organização de uma sociedade pode acontecer de forma coercitiva e a força que a organiza pode ser exterior a ela – um tirano, um rei (monarquia), um grupo (oligarquia), o Estado. Assim, dizer que os gregos inventaram a política significa afirmar que eles inventaram um tipo de política que se diferenciou dos modelos anteriormente existentes. Os gregos inventaram a democracia, ou seja, a esfera pública. Eles criaram instituições que não permitiam que o poder fosse exercido de forma privada, às escondidas, mas obrigavam que ele fosse exercido publicamente. A soberania deixava de ser privilégio de um ou de poucos, para ser exercida pelo povo (demos).

É importante lembrar que a Grécia de hoje pouco tem a ver com aquilo que se convencionou chamar de Grécia da Antigüidade, que não se caracterizava como um Estado unificado, mas como um conjunto de cidades, de comunidades políticas (pólis). A Política, de Aristóteles, pode ser considerada o primeiro estudo de política comparada e foi organizada e escrita, segundo o historiador helenista Moisés Finley.



Agora, vamos examinar alguns elementos constituintes da chamada democracia grega e, para facilitar a compreensão do texto, apresentamos inicialmente um pequeno glossário dos termos gregos.



A Democracia Ateniense

Em Atenas, o princípio de soberania do povo significava, sobretudo, a igualdade entre os cidadãos, membros da comunidade política, e se sustentava fundamentalmente pelo exercício da cidadania ativa, através da isonomia, da isègoria e também da rotatividade dos cargos e sorteio.

Aristóteles define a cidade e sua finalidade como “uma comunidade completa, formada a partir de várias aldeias e que, por assim dizer, atinge o máximo de auto-suficiência. Formada a princípio para preservar a vida, a cidade subsiste para assegurar a vida boa”. É preciso reconhecer que a igualdade jamais foi plena, mesmo no auge da democracia ateniense, quando eram considerados cidadãos apenas os homens adultos, nascidos em Atenas, sobretudo pelo fato de falarem a língua grega. Portanto, eram excluídos da vida política: as mulheres, as crianças,

os escravos e os estrangeiros (metecos).



Quando nasce a democracia?

Segundo Sólon, o autor da Constituição de Atenas, no início do século IV a.C. o exercício da cidadania já começava a se ampliar, deixando de ser privilégio da classe dos aristocratas e dos camponeses abastados, para incorporar também a classe dos tetas. No entanto, é durante o século V que ela se torna uma realidade na vida cotidiana dos atenienses. Uma das diferenças essenciais da democracia ateniense para as democracias contemporâneas é que na sua política não havia o Estado, essa instituição que caracteriza a política moderna e contemporânea.

Os atenienses viviam e praticavam a democracia direta; para eles, o político e o social não se separam. Os cidadãos são políticos, eles não têm representantes. Daí que toda decisão no campo político é imediatamente

uma conquista social. Na democracia moderna, o povo exerce sua soberania através de representantes – os políticos.

Vale a pena observar como Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), um autor da modernidade, critica a alienação da soberania e a ameaça da perda da liberdade política, como conseqüências diretas das formas representativas de governo: De volta à Antigüidade. Os atenienses exerciam seu poder, sua soberania, diretamente na ekklesia e faziam-no porque eram iguais. Uma vez assegurada a igualdade de direitos perante a lei (isonomia) e também o igual direito ao uso público e político da palavra (isègoria) nas assembléias, os atenienses, após debates e deliberações, tomavam decisões que deveriam ser executadas. Como isso acontecia? É preciso saber que, no governo da coisa pública, os cargos fixos eram raros, em geral, os cidadãos eram encarregados de executar tarefas.

De que forma se decidia a distribuição das tarefas ou dos cargos? Havia escolha, indicação, eleição?

Não nos esqueçamos que, para os atenienses, a eleição era um princípio antidemocrático, portanto, deveria ser evitado. Eles entendiam que a eleição, poderia criar distinções na sociedade, afinal, escolheriam-se os melhores (princípio da aristocracia) e com isso se abriria espaço para que os interesses comuns fossem administrados por alguns (princípio da oligarquia). Por essa razão, os atenienses optavam pelo sorteio. Os críticos da democracia ficavam estarrecidos com essa prática, afinal, os cargos públicos sorteados eram muito importantes.

Considerando-se a enorme responsabilidade do exercício da cidadania e as responsabilidades implicadas, o sorteio só poderia ser realizado se o candidato fosse voluntário e capaz de uma rigorosa auto-avaliação. Uma vez disposto a exercer a cidadania, o candidato era submetido à dokimasia, que era “um exame, não das suas competências, mas das suas virtudes cívicas” Outro procedimento adotado na democracia ateniense era que os

cargos eram assumidos de forma colegiada, com o objetivo de salvaguardar o poder das deliberações coletivas e minimizar os possíveis equívocos individuais na condução dos trabalhos; “por fim, cada magistrado poderia ser suspenso em curso de mandato, por um voto da Assembléia”.



A Importância da Retórica para os Atenienses

Um dos grandes méritos da democracia ateniense era o fato que ela não valorizava apenas o resultado final da ação política, ou seja, as decisões tomadas e executadas valorizavam, sobretudo, o processo de constituição e fortalecimento da democracia por meio das assembléias, dos debates públicos e da defesa argumentada das posições dos cidadãos. Ora, se a autoridade era pública e coletiva, e não privada, se as deliberações

se davam coletivamente, então pensar, falar e discutir bem, para poder persuadir o opositor, eram condições absolutamente necessárias à participação na política. Por isso, a retórica ocupava um papel central na vida política de Atenas e estava na base da sua educação.

Wolff afirma que “é notável que essa ligação entre o político e a linguagem está inscrita na instituição mesma da isègoria: todos os homens, e todos os homens igualmente, simplesmente na medida em que falam, estão aptos a viver em comunidade e, precisamente porque falam e podem dizer o justo e o injusto, a participar do poder da referida comunidade”. Aristóteles argumenta que “o discurso serve para tornar claro o útil e o prejudicial e, por conseguinte, o justo e o injusto. É que, perante os outros seres vivos, o homem tem as suas peculiaridades: só ele sente o bem e o mal, o justo e o injusto; é a comunidade destes sentimentos que produz a família e a cidade”. (ARISTÓTELES, Política, p. 55, 1253ª -10)

A retórica política era o instrumento pelo qual os gregos interpretavam o passado, mas sem apegar-se a ele, e construíam a sua consciência do presente com o objetivo maior de projetar o futuro da comunidade política.



TEORIA POLITICA HOBBESIANA



As doutrinas políticas existentes não estavam solucionando o problema do entendimento entre os homens, ou seja, garantindo a efetividade de sua convivência pacífica em sociedade. Thomas Hobbes constatava as devastações produzidas pela guerra civil na Inglaterra e concluía que as lutas fratricidas resultavam de um poder político que não era reconhecido como legítimo por todos.O filósofo inglês acreditou que a solução seria aplicar o método da Matemática que propicia conclusões certas e indiscutíveis ao contrário das ciências morais que produzem apenas controvérsias infindáveis. Partiu da suposição de que a formulação de uma teoria política baseada em fundamentos lógico-racionais poderia estabelecer a paz social. O autor de O Leviatã irá, portanto, aplicar o método lógico-dedutivo a fim de demonstrar a necessidade de um poder absoluto para eliminar os conflitos existentes.

Hobbes inicia a sua argumentação com a premissa de que no estado de natureza todos os homens são movidos pelo instinto de conservação. A luta pela sobrevivência instaura a guerra de todos contra todos. O medo da morte violenta associado à consciência de que é mais vantajoso viver no estado civil (instinto de conservação + razão) produz no homem o desejo de viver em paz. Desta forma, de livre vontade, visando apenas o interesse próprio de conservação, os homens chegam, então, a um acordo. Todos irão renunciar aos seus direitos naturais e submeter-se integralmente a um poder soberano.

A função do soberano é assegurar que todos respeitem o contrato social e, dessa forma, garantir a vontade de todos que é a paz e a segurança individual. Para desempenhar bem esta função, o soberano deve exercer um poder absoluto, sem estar subordinado a ninguém; e nem mesmo a uma Carta Magna. Só dessa forma seria possível subjugar os interesses particulares, o individualismo cada vez mais acirrado presente na sociedade de relações mercantilizadas, o qual colocava em xeque o interesse geral, isto é, a convivência pacífica dos homens.

Através deste raciocínio lógico-dedutivo, desta construção do pensamento, chega-se à justificação do poder absoluto, do poder inquestionável. O poder soberano é legítimo, enfim, porque:

a) é constituído a partir da vontade livre de indivíduos livres e iguais; e de comum acordo, ou seja, do consenso.

b) assegura o interesse de todos que é viver em paz, com segurança, livre do medo da morte repentina e violenta.

Se o poder soberano não conseguir realizar o interesse de todos, isto é, a obediência de todos ao contrato social, pode vir a ser deposto por uma rebelião. Concluir-se-á, nesse caso, que o soberano não era legítimo.



Por que Hobbes defende o absolutismo

A instauração da era moderna é desencadeada pela expansão do comércio que dá origem a uma poderosa classe burguesa ao mesmo tempo em que promove a avidez consumista da nobreza. Estas classes passam a se orientar por uma nova ética, individualista e instrumental, que justifica a busca do interesse privado pelo indivíduo sem se importar com os interesses da coletividade. O calvinismo e as idéias dos pensadores modernos irão fundamentar esta nova ética revolucionária, de fundo mercantil. Essa nova ética dos tempos modernos gera uma energia social fabulosa que transformará a face do planeta. Mas, ao mesmo tempo, irá produzir muita miséria, violência e destruição.

O indivíduo que despontava na era moderna — livre dos grilhões estabelecidos pela ética católica — encarnado na figura do comerciante, banqueiro e proprietário de terras, estava convulsionando a ordem social, destruindo valores morais comunitários, favorecendo a ocorrência de guerras civis, expulsando os camponeses das terras, explorando os mais fracos, saqueando as terras descobertas. A propriedade da terra, por exemplo, estava deixando de ser a suposta fonte destinada ao bem estar da comunidade para se tornar fonte de acumulação de riquezas de indivíduos particulares. Era para Hobbes, certamente, um imenso escândalo ético considerar a terra, — que era um bem sagrado da comunidade —, uma mercadoria como outra qualquer, passível de ser vendida e comprada livremente apenas para atender a interesses privados de indivíduos em prejuízo de milhares de camponeses que ficavam sem trabalho. A garantia da propriedade para todos era fundamental, segundo Hobbes, para a paz social.

A divisão do poder soberano entre o monarca e o parlamento não pode, segundo Hobbes, garantir a estabilidade política e social. Pelo contrário, fomentaria a eclosão da guerra civil. O conflito político crucial da Inglaterra naquele momento é definido pelo interesse do rei em consolidar o poder absoluto e pelo interesse da burguesia em conquistar o poder político a fim de garantir seus interesses econômicos, livre das decisões arbitrárias do monarca. A solução antevista por Hobbes é o poder absoluto. A partir de 1640, Hobbes passou a estar a serviço do rei, Carlos I, na luta contra os interesses burgueses presentes no Parlamento.

O Estado nacional, concebido, em tese, para a defesa do interesse público, estava se tornando, com a divisão de poderes, um instrumento da burguesia e dos grandes proprietários de terra para, através do parlamento, defender seus interesses privados, cada vez mais poderosos. O poder soberano absoluto, segundo Hobbes, poderia expulsar da sociedade aqueles que se esforçassem por guardar coisas que para eles fossem supérfluas enquanto outros sofressem da sua carência e privação. O soberano é que deveria ficar encarregado de distribuir as terras do país em nome da eqüidade e do bem comum. O poder absoluto seria necessário enfim para impedir os abusos e a violência cometida pelos mais fortes contra os mais fracos porque isso poderia desagregar a sociedade e destruir a paz civil. O Estado absoluto, o Leviatã, deverá ser o monstro bíblico cruel que protegerá os peixinhos miúdos contra a ameaça dos tubarões graúdos que desejam devorá-los.



Significado histórico da teoria política de Hobbes

O trabalho teórico de Hobbes está vinculado à preocupação com a formação do Estado nacional. E, mais particularmente, com a constituição do governo soberano, com a centralização do poder político. O autor de O Leviatã inaugura uma discussão dentro da teoria política que é a da legitimação racional do poder. Em outros termos, a legitimação racional da obediência do indivíduo ao Estado.

Hobbes detecta a força social que despontava na era moderna e que estava convulsionando a Europa: o indivíduo autônomo que luta apenas pelos seus interesses materiais particulares encarnado na burguesia nascente cada vez mais poderosa. Como controlar essa força social revolucionária que parecia desagregar os fundamentos da vida em sociedade? O autor, na verdade, funda a visão moderna de Estado. As leis e o governo não têm a função de realizar a síntese dos interesses particulares dominantes na sociedade mas garantir apenas um interesse comum: a paz e a segurança individual. E para poder realizar este interesse comum o poder político precisa ser autônomo em relação a todos os interesses particulares.

Se o Estado garantir a segurança individual, cada um pode ser livre para fazer o que bem entender em sua vida privada — seguir a religião que julgar a verdadeira, a ideologia que considerar a correta, votar no partido que quiser, escolher a profissão que for de seu agrado, ir morar onde preferir. Antecipa-se assim a tese liberal de que o jogo do mercado é que deve regular as relações sociais e não o Estado. E Hobbes lança uma idéia que vai se constituir no fundamento da democracia: o poder político legítimo é aquele que se institui a partir do consenso, do consentimento de todos, visando realizar o interesse comum de toda a sociedade. Ou seja, Hobbes promove uma revolução: não é mais o indivíduo que existe em função do Estado, mas é o Estado que deve existir em função do indivíduo. E mais que isso, o Estado e a Sociedade são fundados e ordenados a partir da vontade livre de indivíduos.

Hobbes insinua um outro fundamento do Estado nacional. Dentro de um território nacional, os indivíduos vivem juntos não em razão de uma cultura, costumes, tradições, religião, visão de mundo, língua, raça, etnia ou uma meta ideológica e política comum. Mas podem conviver pacificamente, apesar das desigualdades sociais e das diferenças existentes, pelo simples fato de que todos estão subordinados a regras comuns, a direitos, deveres e obrigações comuns. Na teoria de Hobbes percebe-se o fundamento essencial do Estado: a segurança individual, o desejo comum de viver em paz como aquilo que possibilita a convivência de indivíduos desiguais em sociedade.

A idéia de que o Estado e a sociedade nascem a partir da vontade livre de indivíduos que estabelecem contratos entre si é uma idéia que exprime os tempos modernos. Hobbes fundamenta o poder político a partir de uma lógica instrumental individualista própria do novo espírito burguês nascente, apesar de reagir, em termos políticos, contra este novo espírito. O papel do Estado é garantir a segurança do indivíduo porque é isso que promove condições para a sua efetiva liberdade. O que funda o poder político e as relações sociais não é o respeito ao próximo (Moral); o temor a Deus (Religião); os interesses nacionais (Razões de Estado); a honra (Códigos da nobreza). Mas sim o interesse próprio, o bem estar e a segurança de cada indivíduo na esfera da vida privada (Utilidade).



PENSAMENTO POLITICO DE MONTESQUIEU E ROSSEAU

Montesquieu 1689/1755, foi um dos mais influentes iluministas franceses do século XVIII. Em 1721 publicou "Cartas Persas", onde satirizava a sociedade francesa, suas leis e seus costumes, através do diálogo entre dois turistas persas. Viveu um período na Inglaterra, passando a admirar suas instituições. Em 1748, escreveu sua principal obra: O Espírito das Leis, na qual procurava explicar as leis que regem os costumes e as relações entre os homens a partir da análise dos fatos sociais, excluindo qualquer perspectiva religiosa ou moral.

Segundo Montesquieu, as leis revelam a racionalidade de um governo, devendo estar submetido a elas, inclusive a liberdade, que afirmava ser "o direito de fazer tudo quanto as leis permitem". Para se evitar o despotismo, o arbítrio, e manter a liberdade política, é necessário separar as funções principais do governo: legislar, executar e julgar. Montesquieu mostrava que, na Inglaterra, a divisão dos poderes impedia que o rei se tornasse um déspota. "Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou a mesma corporação dos príncipes, dos nobres ou do povo exercesse três poderes: o de fazer as leis, e de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as desavenças particulares."

A forma de governo ideal para Montesquieu era a monarquia parlamentar, sendo contrário à participação popular. Ele buscou também um explicação para a existência de tantas leis diferentes, nos diversos países, concluindo que três fatores condicionavam a multiplicidade delas: os físicos, como o clima; os religiosos e os sócio-econômicos.



Voltaire; contra o absolutismo e a Igreja.

O escritor e filósofo francês François Marie Arouet(1694-1778) pseudônimo Voltaire, foi mais um defensor das liberdades civis do que um reformador político. Viveu isolado por três anos na Inglaterra, onde foi influenciado pelas idéias de John Locke e de Newton. Ao regressar à França, publicou Cartas Filosóficas (1734) onde louvava os costumes e as instituições inglesas e atacava o despotismo da monarquia francesa, sendo perseguido por isso. Voltaire criticava as prisões arbitrárias, a tortura, a pena de morte e defendia a liberdade de expressão de pensamento. Era inimigo da Igreja Católica que chamava de "a infame" e defensor da religião natural, igual para todos os homens, sem doutrinas e os dogmas da religião cristã . Deísta, acreditava em Deus apenas como criador do universo, do qual é a causa e o princípio.

Expulso de Paris, viveu na região da Lorraine, em Berlim e em Genebra, na Suíça. Em 1755, instalou-se em sua propriedade de Fernay, junto à fronteira da Suíça, onde morou até morrer, produzindo numerosos livros, peças teatrais, panfletos e cartas. Sua obra mais conhecida é "Candide", fabula filosófica sobre a natureza do bem e do mal.



Rousseau e o Contrato Social.

Jean Jacques Rousseau (1712-1778) era natural de Genebra, na Suíça, filho de artesãos e lutou muito contra a miséria. Um dos mais importantes escritores do Iluminismo francês, suas teorias provocaram grande impacto na educação, na literatura e na política. Suas principais obras foram:

- "Discurso sobre as Ciências e as Artes" e Discurso sobre a "Origem da desigualdade entre os homens"1755, nos quais afirmava que o homem nasce naturalmente bom, a sociedade é que o corrompe e defende a tese de que os homens, quando viviam no Estado de natureza, eram felizes, livres e iguais em direitos porque a propriedade não existia. A desigualdade surgiu quando o primeiro homem cercou um terreno e disse "isto é meu" e os outros aceitaram; a partir desse momento, "surgiram os crimes, as guerras e as injustiças".

- "A Nova Heloísa (1761), romance onde exalta a vida familiar a moralidade e critica a sociedade francesa cortesã, de sua época.

- "Emílio"1761, obra de pedagogia que coloca como objetivos da educação o desenvolvimento das potencialidades naturais da criança, dentro dos interesses próprios dela; a educação deve ser livre, sem a imposição de livros e regras. Para Rousseau, tanto os processos educativos, quanto as relações sociais devem partir de um princípio básico: a liberdade como direito e dever.



– "O Contrato social" (1762), obra de teoria política onde Rousseau expressa suas opiniões sobre o governo e os direitos dos cidadãos. Segundo do ele, ao deixarem o estado de natureza, os homens estabeleceram entre si um contrato ou pacto, através do qual todos seriam iguais perante às leis. O Estado (isto é, a comunidade politicamente organizada) e o governo (isto é, o agente executivo do Estado que deve realizar a vontade geral), nascidos do contrato entre os homens, estavam submetidos as leis que deveriam ser aprovadas pelo voto direto da maioria dos cidadãos. O soberano, constituído pelo contrato social, é o povo unido ditando a vontade geral, cuja expressão é a lei, Afirmava Rousseau: "Toda lei que o povo em pessoa não tenha ratificado é nula; não é uma, lei."



PENSAMENTO POLITICO EM KARL MARX

Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 — Londres, 14 de março de 1883) foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista.

O pensamento de Marx influencia várias áreas, tais como Filosofia, História, Sociologia, Ciência Política, Antropologia, Psicologia, Economia, Comunicação, Arquitetura, Geografia e outras. Em uma pesquisa da rádio BBC de Londres, realizada em 2005, Karl Marx foi eleito o maior filósofo de todos os tempos.[

Durante a vida de Marx, suas ideias receberam pouca atenção de outros estudiosos. Talvez o maior interesse tenha se verificado na Rússia, onde, em 1872, foi publicada a primeira tradução do Tomo I d'O Capital. Na Alemanha, a teoria de Marx foi ignorada durante bastante tempo, até que em 1879 um alemão estudioso da Economia Política, Adolph Wagner, comentou o trabalho de Marx ao longo de uma obra intitulada Allgemeine oder theoretische Volkswirthschaftslehre. A partir de então, os escritos de Marx começaram a atrair cada vez mais atenção.

Nos primeiros anos após a morte de Marx, sua teoria obteve crescente influência intelectual e política sobre os movimentos operários (ao final do século XIX, o principal locus de debate da teoria era o Partido Social-Democrata alemão) e, em menor proporção, sobre os círculos acadêmicos ligados às ciências humanas – notadamente na Universidade de Viena e na Universidade de Roma, primeiras instituições acadêmicas a oferecerem cursos voltados para o estudo de Marx.[

Marx foi herdeiro da filosofia alemã, considerado ao lado de Kant e Hegel um de seus grandes representantes. Foi um dos maiores (para muitos, o maior) pensadores de todos os tempos, tendo uma produção teórica com a extensão e densidade de um Aristóteles, de quem era um admirador. Como filósofo, se posiciona muito mais numa supra-filosofia, em que "realizar" a filosofia é antes "aboli-la", ou ao realizá-la, ela e a realidade se transformam na práxis, a união entre teoria e prática.

A teoria marxista é, substancialmente, uma crítica radical das sociedades capitalistas. Mas é uma crítica que não se limita a teoria em si. Marx, aliás, se posiciona contra qualquer separação drástica entre teoria e prática, entre pensamento e realidade, porque essas dimensões são abstrações mentais (categorias analíticas) que, no plano concreto, real, integram uma mesma totalidade complexa.[15]

O marxismo constitui-se como a concepção materialista da História, longe de qualquer tipo de determinismo, mas compreendendo a predominância da materialidade sobre a ideia, sendo esta possível somente com o desenvolvimento daquela, e a compreensão das coisas em seu movimento, em sua inter-determinação, que é a dialética. Portanto, não é possível entender os conceitos marxianos como forças produtivas, capital, entre outros, sem levar em conta o processo histórico, pois não são conceitos abstratos e sim uma abstração do real, tendo como pressuposto que o real é movimento.[carece de fontes?]

Karl Marx compreende o trabalho como atividade fundante da humanidade. E o trabalho, sendo a centralidade da atividade humana, se desenvolve socialmente, sendo o homem um ser social. Sendo os homens seres sociais, a História, isto é, suas relações de produção e suas relações sociais fundam todo processo de formação da humanidade. Esta compreensão e concepção do homem é radicalmente revolucionária em todos os sentidos, pois é a partir dela que Marx irá identificar a alienação do trabalho como a alienação fundante das demais. E com esta base filosófica é que Marx compreende todas as demais ciências, tendo sua compreensão do real influenciado cada dia mais a ciência por sua consistência













SOCIOLOGIA



CULTURA E DOMINAÇÃO



Ciências sociais

As ciências sociais são um ramo da ciência que estuda os aspectos sociais do mundo humano, ou seja, a vida social de indivíduos e grupos humanos. Isso inclui Antropologia, Estudos da comunicação, Economia, Administração, Contabilidade, Geografia humana, História, Linguística, Ciências políticas, Psicologia social, Direito e Sociologia.

Classificação das ciênciasDiferenciam-se das artes e das humanidades pela preocupação metodológica. Os métodos das ciências sociais, como a observação participante e o survey, podem ser utilizados nas mais diversas áreas do conhecimento, não apenas na grande área das humanidades e artes, mas também nas ciências sociais aplicadas, nas ciências da terra, nas ciências agrárias, nas ciências biomédicas, etc.

História

As ciências sociais germinaram na Europa do século XIX, mas foi no século XX, em decorrência das obras de Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber que as ciências sociais se desenvolveram. O carro-chefe foi a sociologia: neologismo cunhado pelo francês Augusto Comte, seu primeiro professor.

Durkheim e seus pares se esmeraram na busca de regras de método que elevassem ao status científico o conhecimento sobre a sociedade. Marx, ao contrário, mal visto pelos seus pares, foi encontrar na classe trabalhadora sua identidade. As atrocidades das relações de trabalho da época fizeram com que ele atribuísse a esse grupo social, assim definido em relação ao sistema econômico capitalista, ora a força da transformação da sociedade, ora apenas uma peça do complexo quebra-cabeças da história. No meio-termo entre o academicismo e o militantismo, está a participação de Weber, para quem a ciência e a política são duas vocações distintas. Distintas, mas comensuráveis: ele próprio teórico da burocracia e do processo de modernização, contribuiu para a burocratização e modernização da Alemanha, ocupando cargos políticos.

Sociologia

Mas por que o carro-chefe foi a sociologia e não a ciência política, tão antiga como o nome de Maquiavel, ou a antropologia, também anterior? A resposta há de estar no momento histórico de consolidação do novo currículo do ensino superior europeu durante o curto período de plena vigência do movimento intelectual conhecido como positivismo. Então, a nova disciplina, sociologia, veio renovar as outras duas já vigentes. Assim, um discípulo de Durkheim, Marcel Mauss, deu o tom da renovação da antropologia na França. Em um contexto diferente, o polaco Bronislaw Malinowski também contribuiu para a renovação da antropologia através do método funcionalista, que marcou uma ruptura com o viés colonialista dos estudos antropológicos até então desenvolvidos na Inglaterra.

Campos da Antropologia

Antropologia (cuja origem etimológica deriva do grego άνθρωπος anthropos, (homem / pessoa) e λόγος (logos - razão / pensamento) é a ciência preocupada em estudar o homem e a humanidade de maneira totalizante, ou seja, abrangendo todas as suas dimensões. A divisão clássica da Antropologia distingue a Antropologia Cultural da Antropologia Biológica. Cada uma destas, em sua construção abrigou diversas correntes de pensamento.

• Antropologia Física

o Arqueologia

• Antropologia cultural

o Antropologia visual



ANTROPOLOGIA CULTURAL

antropologia cultural, é uma das quatro áreas da antropologia geral (four-field-approach), junto com a antropologia física (também conhecida como antropologia biológica), a arqueologia e a linguística.

A antropologia cultural é diferente da antropologia social, diferindo principalmente na perspectiva.

Tem por objetivo o estudo do homem e das sociedades humanas na sua vertente cultural. A representação, pela palavra ou pela imagem, é uma das suas questões centrais. Assim, o estudo da natureza do signo na comunicação humana, tornou-se preocupação maior. O signo (ver Ferdinand de Saussure), em linguagem humana e, em representação iconográfica, o ícone (ver Charles Sanders Peirce) , são pontos de partida para o desenvolvimento das disciplinas da antropologia oral ou da antropologia visual.

A criação desta disciplina reflete em parte uma reação contra a noção antiga de oposição entre "cultura" e "natureza", segundo a qual alguns humanos vivem num "estado natural" (de pura natureza). Antropólogos argumentam que a cultura é "natureza humana" e que todas as pessoas têm a capacidade de classificar experiências, codificar classificações simbolicamente e transmitir tais abstrações. Desde que a cultura é aprendida que pessoas vivendo em diferentes lugares têm diferentes culturas.

O conceito de antropologia cultural implica os de a.) Ciência Social - propõe conhecer o homem enquanto elemento integrante de grupos organizados. b.) Ciência Humana - volta-se especificamente para o homem como um todo: sua história, suas crenças, usos e costumes, filosofia, linguagem, características psicológicas, valores éticos etc. Ver : Lista de antropólogos

A Antropologia Cultural é imprescindível para se conhecer uma sociedade. Qualquer líder, seja no âmbito empresarial, político, religioso, social ou similar, precisa conhecer os membros do meio societário em que ele está inserido, isto é, se quiser fazer uma gestão frutífera e com ótimos resultados a curto, médio e longo prazo.

Será que Jesus era um antropólogo?

Embora esta palavra não existisse nos tempos de Jesus, todavia, ele entendeu a forma e o significado da antropologia. Ele aplicou os princípios Bíblicos da antropologia na sua missão e os seus discípulos seguiram esse modelo. Jesus usou a antropologia para comunicar bem sua mensagem. Quando ele estava com pescadores, falava a linguagem da pescaria. Quando estava com camponeses, falava de trigo, joio, videira, oliveira, ovelha, cabrito e etc. Para cada público, ele era sensível a ponto de imergir na cultura de cada um. Se o cristianismo fosse uma empresa, sem dúvida nenhuma, poderíamos classificá-la como: A EMPRESA MAIS SÓLIDA QUE O MUNDO JÁ VIU, são mais de 2.000 anos de vida em pleno crescimento. É de fazer inveja a qualquer empresário do século XXI.

Antropologia deriva de duas palavras gregas: Antropo (homem) e logia (estudo) – estudo sobre o homem. Ela é uma ciência social e é desenvolvida não dentro de uma biblioteca, mas no campo prático. Estuda como o povo se comunica, relaciona, come, veste, age, reage em sua cultura, e qual a cosmovisão de um grupo étnico. Conhecer sobre o comportamento do ser humano nas suas mais variadas etnias, possibilita conhecer até a si próprio e também, ter uma cosmovisão universal.

Cosmovisão = “ver”

Cosmo = “universo”

Visão = “ver, conhecer, saber, entender”...

Visão do TODO, AMPLIFICADA.

Antropologia não busca um só caminho, mas busca mirar os vários ângulos que a vida pode proporcionar. Não é tarefa nada fácil entender comportamentos, culturas, línguas, sistemas, mas é necessário pesquisar no campo prático se você quer obter êxito nos seus empreendimentos.

Exemplo

- Quando um americano cumprimenta o outro: Hi ! “Oi”, é normal. Mas, se as pessoas dos países asiáticos se cumprimentarem como os americanos se cumprimentam, elas achariam estranhas, e até seriam julgadas como doidas.

É uma questão de cosmovisão.





http://www.youtube.com/watch?v=3sT0Z8l8nQc

http://www.youtube.com/watch?v=zj-D4Yr_-xM&feature=related





MINORIAS

Com o crescimento cada vez maior da globalização, as culturas vêm sofrendo alterações comprometendo as identidades culturais. É uma espécie de “rotulação” mundial da cultura ou uma globalização cultural.

Na sociedade consumista os meios de comunicação em massa determinam o que devemos comer vestir, assistir, ouvir, usar, comprar, entre outras imposições. Diante da “padronização” cultural, existem no mundo vários grupos com práticas culturais, religiosas peculiares, são grupos diferentes denominados de minorias, correspondem a grupos ou nações que lutam por seus ideais, o primeiro luta pelo respeito e cidadania, o segundo aspiram por sua independência territorial, cultural, religiosa e política, para defender os interesses de suas peculiaridades.

Mas as minorias não são compostas apenas de nações reivindicando sua independência territorial, existem as minorias inseridas em praticamente todas as sociedades. A situação de exclusão e/ou discriminação provoca o surgimento de organizações que buscam dignidade e respeito através de ações políticas.

Podemos exemplificar vários grupos de minorias, como os homossexuais, os sem terra, os sem teto, as feministas e os povos indígenas, todos eles tem seus motivos para lutar, todos eles são minorias dentro das sociedades, no fim todos querem o mesmo, ser respeitados.

“Numa sociedade global uma minoria é uma sociedade particular caracterizada por aspirar a um modo de viver próprio que a distingue do conjunto e que, de certo modo, a põe à parte. Uma minoria não está necessariamente afastada ou isolada da sociedade nacional. É por isso que nem sempre se identifica com um grupo marginal e não é necessariamente objecto de segregação. Uma minoria constitui-se como colectividade ou comunidade particular na base da raça, da língua, da religião ou de um género de vida e de cultura muito diferentes do resto do país ou conjunto. Deste modo se criam ligações afectivas e afinidades que tendem a afastar este grupo do resto da população ainda que ele se encontre disperso”. [1]

Minoria também pode constituir a referência a categorias ou grupos que, pela sua posição sócio-político-económico-cultural, ocupam um lugar de destaque e de influência na sociedade, sendo aqui sinónimo de “elite”. Esta minoria-maioria (número vs poder) deverá ser enquadrada na perspectiva do poder institucionalizado de uma maioria. No, e para o presente caso, interessa-nos a minoria entendida na perspectiva não institucional, mas marginal, o que nos remete para a definição de Alain Birou.





A QUESTÃO DO GÊNERO



Rachel Soihet, em seu livro "Condição feminina e formas de violência: mulheres pobres e ordem urbana, 1890-1920"cita que, "A honra da mulher está vinculada à defesa da virgindade ou da fidelidade conjugal, sendo um conceito sexualmente localizado, da qual o homem é o legitimador, já que esta é dada pela sua ausência através da virgindade ou pela sua presença legítima com o casamento. Essa idéia é tão poderosa que extrapola a própria mulher, abrangendo toda a família."Segundo o dicionário Aurélio, Gênero quer dizer, "grupo de seres que se assemelham por seus caracteres essenciais", "reunião de corpos orgânicos que constituem espécie; raça; família; sorte; qualidade; casta; modo; maneira; objeto; coisa", entre outras distinções.

A relação gênero, é dada maneira de olhar a realidade da vida (das mulheres e dos homens) para determinar e compreender, primeiro as relações sociais entre mulheres e homens, em segundo, as relações de poder entre mulheres e homens, mulheres e mulheres, homens e homens, assim é nas relações sociais que se constroem os gêneros.Essa capacidade de poder constitui na capacidade de uma ação de um sobre o outro, prestando o conjunto de dominação, de A sobre B. Não há o que discutir que há muito tempo, as mulheres das classes trabalhadoras e camponesas exerciam atividades fora do lar, nas fabricas, nas oficinas e nas lavouras. Mesmo que primeiramente essas atividades tenham sido feitas por homens ou mesmo organizadas pelos mesmos.

Na realidade a qualidade de diferença sexual apresenta apenas como anátomo-fisiológicas que existem e caracterizam homens e mulheres. Gênero tem sido desde a década de 1970, o termo usado para teorizar a questão da diferença sexual. Foi inicialmente utilizado pelas feministas americanas que queriam insistir no caráter fundamentalmente social das distinções baseadas no sexo. A palavra indica uma rejeição ao determinismo biológico implícito no uso de termos como sexo ou diferença sexual.

O gênero se torna inclusive, uma maneira de indicar as construções sociais, a criação inteiramente social das idéias sobre os papéis próprios aos homens e as mulheres.O gênero sublinha também o aspecto relacional entre as mulheres e os homens, ou seja, que nenhuma compreensão de qualquer um dos dois pode existir através de um estudo que os considere totalmente separado. Vale frisar que esse termo foi proposto por aqueles que defendiam que a pesquisa sobre as mulheres transformaria fundamentalmente os paradigmas da disciplina, acrescentaria não só novos temas, como também iria impor uma reavaliação crítica das premissas e critérios do trabalho científico existente.

Dessa forma, gênero não passa da maneira como homens e mulheres se assumem em dada sociedade, isso permanentemente dentro da própria história. Gênero, assim não passa de uma realização cultural. Portanto, podemos identificar gênero como um conjunto de características sociais, culturais, políticas, psicológicas, jurídicas e econômicas atribuídas às pessoas de forma diferenciada de acordo com o sexo. Se, as características de gênero são construções sócio-culturais que variam através da história e se referem aos papéis psicológicos e culturais que a sociedade atribui a cada um do que considera "masculino" ou "feminino".

Sexo não passa de características físicas, biológicas, anatômicas e fisiológicas dos seres humanos que os definem como macho/fêmea. Reconhece-se a partir de dados corporais, genitais, sendo o sexo uma construção natural, com a qual se nasce.A situação das mulheres variou durante o longo tempo histórico, concomitantemente (no tempo e no espaço). Sendo necessário que se demonstre que as mulheres têm sido agentes ativos na história da humanidade.É necessário que se entenda que existem diferenças hierárquicas entre relações de homens e mulheres, a existência de concepções variadas a respeito de mulher e homem. Dessa maneira surge a dificuldade de identificar a construção do sujeito Mulher.

Se existem diferenças sexuais quanto a trabalho, dessa forma homens e mulheres atuam simultaneamente na produção como na reprodução de seu espaço. No decorrer da história tem sofrido a mulher atos de barbárie, quanto à desigualdade que vem sofrendo ao longo do tempo histórico. Porém, com o passar do tempo está conseguindo atribuir valores morais e sociais que não as mantém em inércia, quanto aos valores do homem. A mulher na realidade aceitava o papel de submissa do poder do homem, assim acomodou-se no seu espaço doméstico, quer e deseja ainda ser a rainha do lar. Está mulher aceita como seu representante o homem, assim reconhecendo no homem a faculdade de cuidar dos direitos de ambos.

Foi necessário que as mulheres tirassem o avental e buscassem de forma sistêmica os seus direitos quanto ao que os homens estavam devendo-as. Se todos são iguais e direitos onde apareceria a mulheres nessa lógica. A mulher precisava de uma emancipação quanto ao grau de identificação própria, que auto-valorizasse como pessoa sujeita de diretos e composta de comportamentos idênticos aos seus semelhantes.



ACULTURAÇÃO



O conceito de aculturação foi durante muito tempo utilizado para se avaliar o processo de contato entre duas diferentes culturas. Entretanto, a utilização desse tipo de categoria vem sendo cada vez mais criticada e combatida por antropólogos e outros especialistas das ciências humanas. Em geral, a crítica realizada a esse conceito combate a idéia de que uma cultura desaparece no momento em que entra em contato com os valores de outras culturas. No entanto, essa premissa se mostra completamente equivocada por compreender que a cultura consiste em um conjunto de valores, práticas e signos imutáveis no interior de uma sociedade. Estudos de natureza histórica e antropológica, principalmente a partir da segunda metade do século XX, demonstraram que as sociedades humanas estão constantemente reorganizando suas formas de compreender e lidar com o mundo. Dessa forma, a cultura não pode ser vista de uma forma estática.

Um dos mais claros exemplos desse processo pode ser visto com relação às comunidades indígenas brasileiras. No começo do século XX, as autoridades oficiais acreditavam que a ampliação do contato entre brancos e índios poderia, em questão de décadas, extinguir as comunidades indígenas. Contudo, o crescimento das comunidades indígenas – a partir da década de 1950 – negou o prognóstico do início daquele século.

Dessa forma, devemos compreender que a cultura é um processo dinâmico e aberto em que hábitos e valores são sistematicamente ressignificados. Por isso, a idéia de aculturação não pode ser vista como o fim de uma cultura, pois não há como pensar que um mesmo grupo social irá preservar os mesmos costumes durante décadas, séculos ou milênios. A cultura de um povo, para manter-se viva, deve ser suficientemente livre para conduzir suas próprias escolhas, inovações e permanências.



MOVIMENTO DE RESISTENCIA CULTURAL

Um movimento de resistência é o conjunto de iniciativas levado a cabo por um grupo de pessoas, que defendem uma causa normalmente política, na luta contra um invasor em um país ocupado.

O termo pode também se referir a qualquer esforço organizado por defensores de um ideal comum contra uma autoridade constituída. Assim, movimentos de resistência podem incluir qualquer milícia armada que luta contra uma autoridade, governo ou administração estabelecida ou imposta.

O oposto da resistência, isto é, a colaboração com o invasor, é chamado de colaboracionismo.

Movimento de resistência

A movimento de resistência são um grupo ou uma coleção de grupos individuais, dedicado à luta invasor no ocupado país ou o governo de uma nação sovereign com ou o uso da força física, ou nonviolence. O termo resistência tem overtones políticos, como os povos o usaram, junto com termos similares, trazer a sustentação aos grupos da oposição.

As organizações e os indivíduos críticos da intervenção extrangeira e de formulários suportando do movimento organizado (particularmente onde os cidadãos são afetados) tendem a favorecer o termo. Quando tal movimento de resistência usa a violência, aqueles dispostos favoràvel a ela podem também falar de lutadores da liberdade. Ambas as frases -- movimento de resistência e lutadores da liberdade -- podem tornar-se os termos contentious para o que outros observadores puderam descrever como terroristas, embora isto é controverso como terroristas frequentemente são criticados e vistos como moral o erro, visto que muitos vêem movimentos de resistência como legitimate. O provérbio popular “que um terrorista da pessoa é lutador da liberdade de uma outra pessoa” encapsulates esta dicotomia, sem esclarecer a distinção que os lutadores da liberdade devem, pela definição, lutar pela liberdade. Os terroristas, como um appellation moderno, não são vistos como lutando pela liberdade, visto que os movimentos de resistência são. Assim, os movimentos de resistência podem empregar táticas do terror, mas não todos que usam táticas do terror são chamados um movimento de resistência.



Relações Interculturais

O processo de relacionamento entre as diferentes culturas mostra-se de difícil trato, pois envolve uma série de diversos tipos de sentimentos, valores, hábitos, costumes, trazendo à tona alguns complicadores quando há um encontro para tratar de assuntos comuns.

Aparecem dificuldades diante da intenção de fazer prevalecer um sistema sobre o outro, não querendo abrir mão das prerrogativas culturais, o que leva ao choque que interfere no desenvolvimento dos assuntos a serem tratados.

Atualmente, pela globalização, muito disso acontece, pois as diferentes pessoas estão num processo de relacionamento muito freqüente em função das muitas atividades desenvolvidas nos mais diversos lugares com suas culturas peculiares.

Uma boa maneira de contornar o problema é focar no objetivo maior que está em jogo, concentrando as atenções e esforços nos processos que levarão a um bom resultado para ambos os lados, esquecendo as diferenças particulares.

Ao longo prazo, poderia haver um trabalho de conscientização para que se formasse um senso comum em que aqueles aspectos suscetíveis de constranger as pessoas fossem abolidos durante os momentos de convivência em qualquer sentido.

Certos costumes poderiam ficar reservados para a prática nos grupos de afinidade, de maneira restrita, sabendo-se que é difícil abrir mão de princípios considerados imprescindíveis e relevantes que já fazem parte da personalidade de alguém.

Acreditamos que com bastante estudo, principalmente tendo em vista os reais valores para a humanidade, será possível que futuramente haja uma mesma identidade cultural para todos, fato que deverá facilitar bastante os relacionamentos pessoais.

Enquanto isto, preciso é que fiquemos atentos ao devido respeito pelas diversas culturas existentes no mundo, pois são elas como que elementos incorporados às personalidades que, se abalados, podem gerar reações as mais diversas.

A maneira natural de provocar o nivelamento cultural é fazer com que a convivência entre as pessoas aconteça harmoniosamente, tendo em vista objetivos comuns para que, desta forma, suceda uma assimilação espontânea dos melhores hábitos observados.

Às vezes, as diversidades culturais vêm seguidas das diferenças ideológicas originadas de visões específicas dos fatos em determinados meios, levando isto a sérios entraves nos relacionamentos e nas comunicações bilaterais.

Pensamos que é somente mediante um avanço nos estudos das questões culturais, sociais, humanas e outras referentes ao melhor entendimento do homem no seu contexto existencial é que será possível encontrar a melhor forma de convivência.

A sabedoria humana poderá ser obtida mediante um esforço individual para que cada vez mais se procure entender os fenômenos e os fatos que perpassam a existência, na compreensão sempre melhor do comportamento e atitude mais indicados.